#CADÊ MEU CHINELO?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

SÉRGIO AMADEU




# fisl #
Eles chegaram: A internet sob ataque

txt: Tiago Jucá Oliveira


Algumas coisas neste mundo nos deixam feliz. O FISL é um deles. Que bom que há no mundo pessoas que pensam nas palavras "liberar", "colaborar", "compartilhar". Aos poucos, enquanto decupamos nosso material, vamos por aqui no blog trechos de debates nos quais estivemos presentes e gravamos. Hoje você tem a oportunidade de conhecer um pouco sobre o sociólogo Sérgio Amadeu e o que ele pensa do projeto de lei Azeredo, que quer nos criminalizar, nos vigiar, nos censurar.

Sérgio Amadeu: "A internet não foi construída por eles. A internet foi construída pelos seus usuários, são práticas reconfigurantes, e eles não se conformam com a rede distribuída, livre, onde você pode criar não somente conteúdos, você pode criar novos formatos e novas tecnologias. Aí, o que eles estão fazendo? Quem controla a infra-estrutura de rede, quer controlar os fluxos que passam pela rede. AT&T quer filtrar as redes. Acontece diz que bloqueia o tráfico da internet. Eles dizem que não bloqueiam, eles apenas atrasam o tráfico da internet. Ou seja, eles estão trabalhando pra evitar as redes P2P e as práticas colaborativas, porque eles chegaram pra tentar impor a lógica do broadcasting. Eles querem, na verdade, é uma aliança entre controladores da infra-estrutura, que perderam dinheiro com as várias criações que eles não controlam. Por que na internet prevalece a cultura da liberdade, e não a cultura da permissão. Se alguém aqui quiser criar um protocolo, e ele for eficiente, ele vai pegar na rede. Nós não temos de pedir autorização pra ninguém, e isso incomoda aqueles que tinham a lógica da hierarquia, a tentativa de controle. E eles dizem, a indústria dos intermediários, estão organizando a batalha em defesa de um modelo fracassado de copyright. Eles dizem que perdem seis bilhões de dólares por ano. Não é verdade. A maior parte do lixo que eles produzem, as pessoas baixam e nunca mais ouvem, porque é ruim. O que está tirando a audiência deles não é o que eles chamam de pirataria, é a diversidade cultural, porque nunca nós podemos produzir tanta cultura como agora na rede. É essa questão que colocam eles em risco. O Sarskozy queria aprovar uma lei, aprovou a lei contra o P2P, mas felizmente a corte constitucional da França declarou essa lei inconstitucional. Mas eles continuam ao ataque. Só pra mostrar o perigo, o que aconteceu com o Pearl Jam nos EUA. Eles estavam num show transmitido ao vivo via streaming, e eles começaram a tocar uma música do Pink Floyd, “The Wall”. Era o último ano do governo Bush, e eles cantaram: “hey Bush...”. Aí algum engraçadinho da AT&T achou por bem cortar o som da transmissão de streaming. Se fosse um governo, a gente chamava censura. E quando é uma empresa privada que controla a infra-estrutura de rede? Como a gente chama esse poder?

A reforma moral quer convencer as criancinhas com aquelas propagandas toscas: “você não roubaria uma bolsa, não roubaria um carro, não roubaria uma senhora, então copiar é crime”. O que tem a ver uma coisa com a outra? A reforma moral não deu certo, então eles querem responsabilizar os provedores do mundo inteiro e transformá-los num policial, num capataz, num agente de controle. E aí, olha que loucura, essa pérola eu tirei do senador Azeredo, numa apresentação que ele fez: “Com leis objetivas de combate às novas modalidades de deliquência, coibindo o anonimato na Internet, temos plenas condições de nos posicionarmos entre os pioneiros e inovadores”. O cara quer impedir rede aberta, quer impedir a defesa que nós temos na internet, que é o anonimato. Ou seja, é preciso impedir que esses caras tomem conta, que eles venham a dizer que a pirataria é pior que o seqüestro, que assalto a banco e tal. Os caras perderam a noção. A arquitetura aberta, não proprietária da internet, é a partilha da liberdade e das possibilidades de uso. Dois princípios que devemos defender na internet: a neutralidade na rede, quem controla a camada de infra-estrutura não pode controlar a camada lógica. O princípio da imputabilidade da rede. Ou seja, a rede não é culpada de nada. É que nem um motorista de taxi, que leva um criminoso, que leva pro ventura alguém que desce e assalta alguém. Que culpa tem ele? Ele é apenas um motorista de taxi, ele é o meio. Eles querem culpar a rede, mas na verdade, sabe pra que? Pra impor controle não sobre a rede, sobre nós. Somos contra o controle. Liberdade na rede!"

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